Me deixa surpresa este intenso relacionamento que a França tem com o Brasil. E, pelo o que eu noto, este fato transcende a natural tendência da globalização. Fato, a França adora o Brasil.
Ja ouvi diversas vezes, sob um tom de indignação, o que eu estava fazendo “aqui”? Como que eu tinha decidido morar por aqui e deixado o Brasil? Mas como? Por que? O seu país é maravilhoso, as pessoas são felizes, e o clima, e o carnaval, e as praias, e a comida, e a música, e as novelas…
Ontem acordei, liguei no noticiário – o France 24h: Rio de Janeiro. Rio, Rio, Rio o dia todo. Nem precisei acessar qualquer site brasileiro pra ver a cobertura, por aqui falaram da enchente de Nova Friburgo o dia todo.
Desci, tomei um cafezinho brasileiro devidamente importado sob o título “melhores do mundo”. No caminho pra Universidade, ouvia Berimbau de Vinicius, que toca o dia todo na rádio de Toulouse. Passo pelo cabelereiro da esquina do Boulevard Strasburg, que anunciava “Ici, la lissage brésilien”, caminho em direção ao bar “Caribe” que ostenta uma bandeira do Brasil na sua porta de entrada e que tem na sua parede principal o desenho de uma mulata, um coqueiro e o mapa do Brasil.
Na volta pra casa, Gab, meu companheiro de casa, me chama pra ir a um bar aonde sua namorada, que toca cavaquinho, se apresentaria com seu grupo francês de samba. Fui com o intuito de prestigiá-los, sem a menor pretensão de ouvir um som dos bons. Cheguei lá, e que surpresa: era mesmo uma roda de samba! Todos os melhores nomes do nosso samba, as melhores músicas, todos os instrumentos, tudo devidamente decorado, harmonizado, porém abrupta e deliciosamente atropelado pelo sutil sotaque francófono.
Dia desses fui parar numa aula de dança brasileira. Nada de samba, forró, frevo, dança de salão… eram uns ritmos miscigenados, meio maracatu, meio maculelê, meio batuque, meio forró, meio brasil. E tudo devidamente conduzido pela professora francesa, que ensinava a paulista as preciosidades culturais nordestinas e nortistas, nunca outrora apreciadas.
