12 de junho: I don’t love you

Enfim é chagada a data mais sem graça do ano – doze de junho.

Me pergunto, passa ano, sai ano: será que  as pessoas veem algum significado, algum charme, alguma originalidade em se comemorar a data do jeito que se vê por aí? Shopping center lotado, consumo, trânsito, fila no motel.

Solteira, namorando, enrolada. Não importa. Chato para o pobrezinho do solteiro que não pode simplesmente sair pra jantar como qualquer pessoa normal, pois, na melhor das hipóteses – ter algum lugar vago – será acometido por um mal estar tremendo por ser o único ali desacompanhado e fora do clima romântico.

Chato, não tenho duvidas, para os casais que, no fim das contas, parecem mais estar dando ‘checks’ em cada uma das tarefas constantes no rol taxativo do manual do dia dos namorados que de fato aproveitando o momento, com espontaneidade.

A que ponto chegaram as pessoas para considerar que encarar trânsito e fila de espera em restaurantes para ao final sentar, olhar para o lado e se deparar com outros 46 casais trocando carinhos a luz de velas é um programa legal?

Trânsito digno de sextas feiras véspera de Carnaval. Lembro de ficar horas parada na Avenida Dr. Arnaldo por causa das floriculturas do cemitério do Araçá. Será mesmo possível que os casais gostem tanto assim de se aglomerar na noite do dia doze, enfrentar stress e tumulto, para seguir direitinho o cronograma que a data ‘requer’?

O mais cruel e constrangedor – etapa final da checklist, a imprescindível apresentação no motel. Não me convenço que pessoas achem prazeroso aguardar em seus carros o casal da frente terminar seus paranauês para que então iniciem os seus. ‘O McDonald’s do amor’ – desabafou, inconformado, um ‘namorado’.

Hoje, doze de junho, dia da expressão do romantismo, testemunho a aflição de namorados preocupados em agradar a namorada exigente, planejando levá-la em um restaurante bom, no qual provavelmente vai deixar uma boa porcentagem do seu salário, em nome do amor.

Todos os anos é a mesma coisa. Mais aglomerações em restaurantes, mais namoradas (os) exigentes com seus presentes e jantares em restaurantes caros, mais trânsito, mais fila nos motéis, mais falta de ideias, mais pobreza de espírito.

Não é possível que somente eu ache tudo isso muito constrangedor.

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